Credenciais

cre·den·ci·al
(italiano credenziale)
adjetivo de dois gêneros
1. Que dá crédito.
2. Que confere a alguém determinado direito.

substantivo feminino
3. Carta em que um chefe de Estado acredita um seu enviado em corte estrangeira. (Mais usado no plural.)
4. Carta ou documento que confere crédito ou que dá a alguém determinado direito.

Saudações leitores, pacientes e irmãos de fé.

Aqui quem vos fala é o neófito para mais uma ácida reflexão, para isso, antes gostaria de inserir um trecho de um filósofo iluminista do qual sou um incondicional fã, conhecido mundialmente como Voltaire:

Em 1755, Lisboa fora sacudida por um terremoto, exatamente quando a Igreja comemorava o Dia de Todos os Santos, o que fez com que milhares de mortes ocorressem dentro dos templos. O clero francês se pronunciou dizendo que tal fato ocorrera por causa do pecado do povo. Voltaire se revoltou e escreveu: “Ou Deus pode evitar o mal, mas não quer; ou quer evitá-lo, mas não consegue”.

Próximo de sua morte, o filósofo desejou visitar pela última vez Paris. Em seu último leito, recebeu visitas ilustres, como Benjamin Franklin, que levou um de seus netos para que Voltaire o abençoasse. Depois que colocou as mãos sobre o menino, afirmou: “Dedique-se a Deus e à liberdade”.

Ainda em seu último leito, um padre se dirigiu a ele a fim de lhe dar a extrema unção. Voltaire rejeitou e fez a seguinte indagação: “Quem vos mandou aqui, senhor padre?” Este respondeu: “O próprio Deus”. Em seguida, Voltaire retrucou: “Pois onde estão as vossas credenciais?” Com este diálogo, o filósofo afirmou que não acreditava que os padres eram mensageiros de Deus aos homens.

Incrível como algo que existe desde a antiguidade, passou pela idade média e perdura até hoje, as pessoas julgarem-se mensageiras do mundo espiritual, verdadeiros mestres encarnados. Obviamente existem sim os raros casos que permitam esse privilégio, mas 95% dos casos é uma falácia, são boçais providos da eterna ignorância que se utiliza da fé exacerbada e cega dos adeptos para arrancar-lhes tudo o que podem.

Presenciamos essa circunstância em todos os aspectos religiosos e independente do credo, sempre tem um ignóbil oportunista com um pouco mais de instrução que os adeptos para lhes dizer que através dele, tudo se consegue.

Foi o caso, que infelizmente não sai da minha cabeça, da moça que disse que o dirigente dela, tudo ele pode e tudo ele consegue, e isso acontece com diversos cursos que eu vejo por aí, o povo pega uma mistura do hinduísmo, de literaturas esotéricas, pega um raio de um bambu e reinventa a roda, a fé infelizmente é o que poderia fortalecer ainda mais as pessoas e as tornam ainda mais ignorantes e suscetíveis à oportunistas.

Vivo batendo na mesma infeliz tecla todos os posts, SOMOS AUTOSSUFICIENTES, nossa ligação com o Divino ela é REAL, IMENSURÁVEL e PODEROSA, é simplesmente FATÍDICA, não preciso de um pecador, de alguém ainda muito pior que eu para me dirigir regras, conheci inúmeros dirigentes extremamente imbecis que possuíam previsões VAGAS, RASAS e IRREAIS, portanto, como prostrar-me a alguém com essas credenciais julgando-o mensageiros dos orixás, porque simplesmente teve a oportunidade de ter a sua casa?

Eu ouvi de um dirigente uma vez, indagando-o por que ele cobra dos médiuns iniciantes o curso de formação mediúnica ele me disse:

– Eu preciso me manter e manter uma casa, isso aqui não é uma casa de caridade, é uma casa espiritual!

Na hora, no português claro, eu me perguntei mentalmente: Mas que $$##%¨@ do @#%$$$ é essa?

Está tudo DISTORCIDO, eu sou a favor de apenas duas situações:

  1. Ou o dirigente se dedica e mergulha de cabeça na religião e seja um portador da caridade, um verdadeiro mensageiros dos orixás e dedique-se de corpo, alma, coração e espírito a isso e realmente vive de doações, porém é o cara que RESOLVE, que traz realmente a VERDADEIRA MENSAGEM, sem DISTORÇÃO, sem OPORTUNISMO, sem NADA;
  2. Ou o dirigente tenha a capacidade de poder trabalhar fora, mas dedicar-se horas da semana para a religião, mas sem cobrar, porque o mesmo já foi agraciado por um trabalho remunerado e consegue se manter utilizando apenas a mensalidade dos adeptos para manutenção da casa.

O que para mim é inadmissível são incompetentes vivendo às custas dos filhos e esse, que confesso, às vezes tem mais é que se lascar mesmo para pagar o preço de sua burrice.

É incrível como a esmagadora maioria das pessoas ainda necessitam de muletas, de bengalas para andar, eu recebo e-mails na casa das dezenas, e a essência em quase sua totalidade é a mesma, o dirigente fala uma coisa que não acontece ou diz que não ter permissão para falar ou somente diz: Tenha paciência, vai acontecer. E cobram R$ 100,00 para falar uma merda dessas, sim, uma merda dessas, seria muito mais útil vocês guardarem esse dinheiro para ajudar alguém, para colaborar em alguma creche e bater os joelhinhos no chão e rogar ao Cósmico, Deus e Orixás atrás da graça que necessitam.

Tem um trecho de uma música que para mim é uma das mais bonitas que eu já ouvi, chama-se Heartlines – Florence + The Machine, segue um trecho:

Just keep following!
The heartlines on your hand!
Just keep following!
The heartlines on your hand!
Keep it up!
I know you can!
Just keep following!
The heartlines on your hand!

Apenas continue seguindo
As linhas do coração na sua mão
Apenas continue seguindo
As linhas do coração na sua mão
Continue, eu sei que você consegue
Apenas continue seguindo
As linhas do coração na sua mão
Porque eu estou

Vídeo:

Sejam independentes, se forem para depender de alguém, que sejam dos seus irmãos espirituais, até mesmo alguém vivo que já MOSTRARAM que podem confiar, não com promessas vagas ou sempre com negações e sim que estão presentes, cavando a trincheira com vocês, que estão lado a lado para o que precisam, irrefutavelmente e com a graça de Deus, ainda existem dirigentes assim, eu conheci, aqueles que se preocupam, vai até a casa de vocês fazer alguma limpeza, alguma oração, defumação, SEM COBRAR NADA PELO SERVIÇO, se ele abriu a casa, abriu para SERVIR e não EXTORQUIR, ultimamente os verbos andam bem semelhantes no âmbito religioso.

Quem o fez mensageiro dos orixás? Porque ele tem uma casa? Por que ele é portador de promessas vagas? Por que você já está há um ano procurando a cura para algum mal seu? Para você que já investiu horrores de tempo e dinheiro para algo que nunca funciona? Tenha a certeza que da única coisa que esse infeliz é mensageiro, é da Mentira, nada mais que isso.

-Ah, mas neófito, o caboclo dele faz coisas maravilhosas
O que você julga maravilhoso?

Muitas coisas que ocorrem dentro de centro, meus queridos, é a própria credibilidade de vocês naquela tarefa que vem sendo empregada, famoso PLACEBO, só que nem SEMPRE isso é o suficiente, dependendo do caso, as pessoas precisam de um empurrão e se for um empurrão sério, ao invés de melhorar, vai acabar prejudicando. Então é de extrema importância que a pessoa tenha sua CONFIANÇA, e confiança meus queridos, adquirimos através da necessidade, da precisão, do altruísmo, da amizade, da fraternidade e são adjetivos cada vez mais raros nessa leva de dirigentes que temos.

E cada vez mais solitária é a pessoa, cada vez mais pobre e carente de esperança ela fica, mais valorosa é a mísera migalha que ela recebe, é como se fosse aquele adolescente que é cegamente apaixonado por uma pessoa que não dá mínima pra ele, mas quando essa pessoa que não dá a mínima não tem nada pra fazer e procura esse cego apaixonado, pra ele é tudo o que ele precisa pra continuar acreditando que o amor está aceso, o que não é a verdade dita, porque esse que não dá a mínima só não tinha nada pra fazer naquele momento e para esse cego, é o que ele precisava de forma intensa e real para ter a CERTEZA que o amor existe entre ambos.

Tenham senso crítico, usem a PERCEPÇÃO das coisas. O que mais temos hoje são pessoas utilizando guias e orixás para FAVORES PESSOAIS do próprio dirigente, pessoas que dissimulam e mistificam, ou que passa a todo momento na frente da entidade para convencê-los do que é melhor, Não PARA VOCÊS, mas PARA ELE.

– Ufa, já dormiram?

Atentem-se meus irmãos. Quando se consultarem, depositarem toda sua fé em um dirigente, mande-o mostrar suas credenciais:

Quais benefícios seus filhos já tiveram? A casa tem muitos assistentes? As pessoas são felizes lá dentro? São prósperas? Saudáveis? A casa é unida? A casa prega os verdadeiros fundamentos da caridade? Além de pregar, pratica? Cobra por qualquer coisa? O dirigente está sempre te auxiliando? É solícito? É altruísta? É irmão? Parceiro? Tem boa vontade? A casa é isenta de fofoca? Os filhos são fraternais? É uma verdadeira família e não de aparências? A casa prega a verdade? Os guias desse dirigente trazem palavras de conforto? Ensinamentos? Ou somente carcadas e cobranças? A casa ainda tem a regra arcaica de testar os filhos?

Quais credenciais sua casa tem? Para qualquer coisa tem que pagar? Tem curso atrás de curso e todos com conteúdo IRRELEVANTES ou REPETITIVOS?

E é importantíssimo RESSALTAR: DIPLOMA, CERTIFICADO não CREDENCIA ninguém como APTO a alguma coisa, PRINCIPALMENTE NA RELIGIÃO! Não é esse tipo de credencial que vale alguma coisa! 😉

Não precisa ser nenhum gênio, apenas minimamente inteligente, perspicaz e com o mínimo de senso crítico.

Pensem, reflitam, pois nasceram autossuficientes, não precisa incorporar para receber a graça Cósmica, apenas religuem-se ao lugar de onde são oriundos, de onde vieram, ninguém tem mais poder sobre sua vida além de você mesmo, não adianta agrados, trabalhos, ebós, é muito mais fácil prever o seu futuro criando-o a partir de AGORA.

Esse trecho pode ser bem peculiar para essa questão:

“Não deis aos cães o que é santo, nem lanceis ante os porcos as vossas pérolas, para que não as pisem com os pés e, voltando-se, vos dilacerem.” (Mt 7. 6)

Podemos pensar para não abrir seu coração, seu espírito aos cães, aos oportunistas de plantão e nem tampouco abrir as portas de sua casa, de sua vida espiritual e material aos porcos oportunistas sedentos por dinheiro fácil de sua fé.

Tenham um sábio, reflexivo e iluminado 2016.

Um forte abraço fraternal.

Neófito da Luz.

A Religião do Futuro

Como será a religiosidade do futuro? E qual será o papel do Brasil – tradicionalmente chamado de “o país do futuro” –  no processo do seu surgimento?
Não há uma resposta pronta para a segunda pergunta, mas a questão é oportuna. Ela deve ser investigada e debatida pelos pioneiros interessados no tema.
Em relação à primeira pergunta, a teosofia clássica ensina que a religião do futuro será planetária. Ela não terá dogmas ou rituais. Ela será desburocratizada. Estará  aberta à livre expressão individual  e isenta de sacerdotes assalariados. A religião do futuro será uma religião-filosofia. Sem donos ou papas, ela respeitará a diversidade cultural dos povos e será uma religião da natureza. Levando em conta que a vida está dinamicamente presente em tudo o que existe, ela ensinará a unidade e a harmonia entre o espírito e a matéria. Ela também ensinará que a consciência dirige a matéria e não o contrário. A  base desta religião será a compreensão prática do fato da fraternidade universal.
Nas obras de Helena Blavatsky e nas Cartas dos Mahatmas encontramos uma formulação moderna e abrangente da religião do futuro. Pouco antes de Blavatsky, Eliphas Levi ajudou a preparar o seu enunciado. Porém, no plano do espírito,  as bases da religião do futuro vêm sendo construídas há milênios. A ideia da cidadania planetária era proposta por Pitágoras e  Demócrito na Grécia antiga, e também por Lúcio Sêneca no império romano.  Demócrito afirmava que a pátria da boa alma é todo o universo.[1]  O imperador romano Marco Aurélio agia conforme a religião do futuro. E muito antes de Marco Aurélio, o imperador  Ashoka fez o mesmo na Índia.
À medida que passava o tempo, o sonho se tornava mais concreto. O iluminismo do final do século 18 foi um ponto forte do processo. Em 1795, Immanuel Kant propôs a religião do futuro ao escrever o seu tratado sobre a paz perpétua. Este foi o primeiro rascunho e a concepção inicial do que é hoje a Organização das Nações Unidas.[2]  Karl Dietrich Krause, o filósofo kantiano alemão, aprofundou a proposta da fraternidade universal.  Inúmeros pensadores e ativistas  trabalharam nesta linha ao longo do tempo; mas, para florescer, a religião do futuro ainda terá que derrubar o muro separatista dos dogmas sustentados pelas igrejas e seitas das diversas religiões. Será preciso fazer isso de modo fraterno. As chaves para o cumprimento desta tarefa foram estabelecidas no século 18. O livro ‘História da Civilização Ocidental’, de Edward McNall Burns [3],  descreve da seguinte maneira o Deísmo, uma das principais correntes filosóficas do iluminismo:“A mais notável filosofia religiosa [do Iluminismo] foi o deísmo. Parece que quem deu origem a esta filosofia foi um inglês de nome Lord Herbert of Cherbury (1583-1648). No século XVIII, as doutrinas deístas foram propagadas por homens como Voltaire, Diderot e Rousseau, na França; Alexander Pope, Lord Bolingbroke e Lord Shaftesbury , na Inglaterra; e Thomas Paine, Benjamin Franklin e Thomas Jefferson, na América.
Não satisfeitos em condenar os elementos irracionais da religião, os deístas chegaram à denúncia de qualquer forma de fé organizada. O cristianismo não foi mais poupado que as outras religiões. As religiões instituídas eram estigmatizadas como instrumentos de exploração, que velhacos espertos tinham inventado para possibilitar-lhes a manipulação das massas ignorantes. Voltaire dizia: ‘O primeiro teólogo foi o primeiro espertalhão que encontrou o primeiro tolo’.”[4]
Voltaire é conhecido por sua maneira irreverente de escrever. Os deístas acreditavam em “Deus”. Porém o seu conceito de Deus correspondia ao que a teosofia universal chama de Lei UniversalouPrincípio Supremo.  Trata-se de algo impessoal, destituído de atributos,  e sobre o qual é inútil especular verbalmente ou com o raciocínio convencional do hemisfério cerebral esquerdo. Este mesmo princípio abstrato é chamado de Tao no primeiro verso do clássico chinês “Tao Te King”.
Edward Burns prossegue:
“Os objetivos dos deístas não eram porém todos destrutivos. Não se interessavam somente em destruir o cristianismo, mas em construir uma religião mais simples e mais natural para substituí-la. Os dogmas fundamentais dessa nova religião eram mais ou menos os que se seguem:
1) Há um Deus que criou o universo e ordenou as leis naturais que o controlam;
2) Deus não intervém nos negócios do homem, neste mundo: ele não é um Deus caprichoso, como o deus dos cristãos e judeus, que dá  ‘uma oportunidade para o bem e outra para o mal’, segundo seus caprichos momentâneos;
3) Oração, sacramento e ritual são meros absurdos inúteis; Deus não pode ser enganado ou subornado para violar as leis naturais em benefício dos indivíduos particulares; o homem é dotado de livre arbítrio para escolher entre o bem e o mal; não há predestinação para alguns serem salvos e outros serem condenados, mas as recompensas e as punições (….) são determinadas unicamente pela conduta terrena do indivíduo.”O deísmo defendido por Thomas Paine,  Benjamin Franklin, Thomas Jefferson, Denis Diderot e Jean-Jacques Rousseau  propunha claramente  uma religião universal.  Edward Burns  escreveu:
“…. O deísmo era bastante diferente do supernaturalismo racionalista. Enquanto os expoentes deste último ainda adotavam a crença na revelação,  em milagres e na racionalidade do cristianismo,  os deístas desfizeram-se de tudo que não concordava com suas ideias de religião natural . Afirmavam que todo mortal inteligente que seguisse a orientação da razão chegaria por fim a acreditar num Deus criador, em futuras recompensas e punições e em leis naturais e morais.  Desse modo, o deísmo era tido como uma religião universal aplicável a todas as condições e climas e passível de ser descoberta tanto pelo sábio chinês como pelo nativo astuto da floresta virgem. O cristianismo era desprezado como não sendo melhor que o islamismo e, mesmo, como sendo um pouco pior, dada a malícia do seu clero e sua maior carga de dogmas místicos.
Por outro lado, muitos dos deístas dedicavam profunda admiração ao nobre caráter de Jesus e alguns até tentaram provar que também ele era um deísta. Voltaire pensava ser um insulto chamar Jesus de cristão.”
A proposta de uma religião da ética universal foi enriquecida ao longo dos séculos 19 e 20. Albert Einstein, Teillard de Chardin, Mahatma Gandhi e inúmeros cidadãos de boa vontade ajudaram a prepará-la.  Quanto tempo falta para que  seja concluída a tarefa da sua construção?   Não sabemos exatamente, mas a realização deste velho projeto parece estar mais próxima do que nunca.  É possível que o sonho não tenha que esperar até o século 22 para ser realizado.
(Um Estudante de Teosofia)
NOTAS:
[1] “Los Filósofos Presocráticos”, Leucipo y Demócrito,  Planeta deAgostini, Editorial Gredós, España, 1998, 308 pp., ver p. 247.
[2] “À Paz Perpétua”, Immanuel Kant, L & PM Pocket, Porto Alegre, 2008, 85 pp.
[3] “História da Civilização Ocidental”, de Edward McNall Burns, Editora Globo, Rio de Janeiro, Porto Alegre, São Paulo,1948, 958 pp., ver pp. 552-553
[4] “Dicionário Filosófico”, Voltaire, verbete “Religião”. (Nota de Edward McNall Burns)