Quero Sair do Centro, e Agora?

Saudações prezados irmãos de fé.

Esse artigo é um dos que eu considero de suma importância e que demorei demais escrever sobre.

Muitos médiuns me indagam como proceder ao sair do centro, se ocorrerão sequelas, quizilas ou quaisquer outras denominações que significam problemas ou consequências.

Esse tipo de insegurança é extremamente normal, principalmente em centros que semeiam em seus filhos a quizila, a imposição, o medo, entre outros substantivos que denotam a ditadura ainda existente em muitos centros afro-brasileiros.

Devemos seguir o correto, primeiramente pedir licença ao dirigente do centro para que possam dar continuidade à evolução espiritual de vocês, o GRANDE PROBLEMA é que muitos dirigentes são inflados de ego e a grande maioria não aceita isso com bons olhos, e isso é um fato! Com isso, alguns começam a proferir ameaças, outros apenas alguns avisos, que tem que tomar cuidado que o orixá vai cobrar e blablabla.

Muitos de nós, sentimo-nos com a consciência pesada, afinal, estamos “largando” alguém que muitas vezes demandou tempo para cuidar de nós, embora isso seja um caso muito raro, porque a grande maioria das pessoas que saem dos centros, é justamente por estarem descontentes com a sua evolução mediúnica, com a omissão do dirigente ou até mesmo fofoca, o que é um grande câncer em muitas casas de Umbanda.

Eu mesmo iniciei meu desenvolvimento em “pulgueiros” assim, o dirigente era vaidoso, é ele que trouxe seus orixás para a Terra então é a ele que devemos total devoção, é o dirigente corroborando com fofocas, aqueles papos chatos presentes 99,9% de fulano estava ou não incorporado e que o guia do fulano falou besteira ou cometeu algum ato duvidoso.

Independente da sua realidade, independente do seu motivo, é obrigação do dirigente compreendê-lo e deixar que você siga a sua vida, muitos dirigentes sentem-se rejeitados e as pessoas não lidam bem com rejeição, o que causa medo dos médiuns que pedem licença e é onde começam os problemas.

Então vamos a alguns fatores que que o médium tem que ter total consciência:

  1. O Dirigente não tem NENHUM poder sobre sua corrente mediúnica, não vai prender seus orixás, nem tampouco seus guias como existem ainda muitas casas que o afirmam;
  2. O seu motivo é e sempre será compreendido pelos seus mentores, seja uma dúvida, seja a falta de tempo (Que poderá ser cobrada depois) ou por motivos pessoais;
  3. Quaisquer paramentos que estejam no centro que você está se retirando, leve-os consigo, quartinha, chapéus, firmezas de exus, mesmo o dirigente dizendo que devem ficar lá, são seus paramentos, são solicitações dos SEUS guias então consequentemente são SEUS, então leve-os;
  4. A ameaça realizada por muitos é normal, mas não caiam nessa armadilha, os guias do dirigente não o cobrarão, não o castigarão e nem tampouco o punirão, isso é falácia de sacerdote que prefere ter a casa cheia para se exibir com outros sacerdotes;
  5. Saia de forma honesta e íntegra, não se sabe o dia de amanhã, talvez você mesmo possa voltar para essa casa, não cometam o erro de sair brigados, mesmo porque, o meio umbandista é muito pequeno e todo mundo conhece todo mundo
  6. NÃO PAGUE TAXA DE SAÍDA, SIM, ACREDITEM, TEM CENTROS QUE COBRAM POR ISSO, isso é mais uma armadilha da Umbanda Capitalista que adora abraçar pessoas medrosas e ignorantes, não caiam nessa cilada.

O direito de ir e vir prevalece também na escolha de um centro do qual você se adeque, tudo passa por uma fase, no começo o centro talvez era excelente pra você, ao passo que você amadurece e evolui, você começa a olhar o centro com outros olhos ou chega a um momento que você não tem mais por onde evoluir, por diversos motivos, seja o dirigente não lhe dá a devida atenção, não consegue acompanhar seu desenvolvimento, não te dá a oportunidade de trabalho correta, são inúmeros motivos que levam sair de uma casa, seja por influência dos seus próprios mentores, seja porque a vibração da casa mudou, diversos são os motivos, mas saibam, NÃO EXISTE ESSE NEGÓCIO DE QUE SERÃO PUNIDOS, não se apeguem ao medo, é como eu sempre digo a todos, religião é a nossa comunhão com Deus, ela deve nos trazer paz, tranquilidade, qualquer cosia diferente disso, não é religião, é mais um ponto de stress e que merece o devido cuidado. Religião é religação com Deus e não chateação e decepção.

Apenas um artigo simples e de coração.

Neófito da Luz .’.

O Papel do Sacerdote Nos Terreiros

Essa é a minha humilde opinião sobre qual deveria ser o papel do Zelador de Santo.

Partindo da premissa que eu não gosto desse nome, e já expliquei algumas vezes porque, prefiro sacerdote ou dirigente, não temos porque zelar o santo, mesmo porque Umbanda não trabalha com Santo, trabalha com desdobramento vibratório do Criador, não existe santo, existe vibração e essa vibração não precisa ser cuidada, ela já é nata, incriada, divina.

O papel do dirigente do centro deve ser primeiramente de acolhimento, ele deve abraçar a causa do filho, entender o que se passa e se há um momento em que a palavra ZELAR faz algum sentido, é no que tange os cuidados ao filho.

O dirigente é um guia espiritual, ele é o patriarca ou a matriarca dessa egrégora, o centro é uma comunidade espiritual onde ali existem dois tipos de pessoas: Os auxiliares e os necessitados.

Para uma corrente coesa e poderosa, cabe ao dirigente dar o conhecimento necessário aos filhos e passar a sua experiência aos mesmos para evitar quaisquer sintonias desagradáveis durante a corrente mediúnica que ali se encerra.

O trabalho do dirigente é instruir, é amar, é cuidar, o trabalho do dirigente é se preocupar com a vida espiritual de seus filhos e consequentemente, apoiar a vida material também.

O que eu vejo muito nos dias de hoje e acontece com 90% dos leitores que me escrevem, é que o dirigente simplesmente larga lá, quando questionados sobre qualquer coisa, a resposta é sempre a mesma: Não é a hora ou não tenho permissão para dizer ainda. Quando indagados sobre qualquer fundamento, a resposta é quase sempre unânime: “Porque sim” ou “Porque não”.

Um centro organizado, primeiramente, deve haver uma cartilha que instrui a forma do médium agir na casa, os banhos de defesa, a hora correta de se chegar, a sua obrigação como médium e como pessoa, porque vestir branco, porque usar a toalha e porquê de diversos outros fundamentos, o mínimo que o dirigente deve passar, são as diretrizes da casa e como funciona os fundamentos espirituais da mesma.

O que eu vejo em sua maioria das vezes são os médiuns com dúvidas, perdidos e com receio de tirar suas dúvidas com quem teria que ser o SEU PRINCIPAL PONTO FOCAL de questionamento: O dirigente. Mas o mesmo está sempre ocupado ou indisponível para sanar as dúvidas.

Recentemente tive dois casos, e gostaria de enfatizar que não falo isso para me promover, como podem perceber, não vendo consultas e nem faço trabalhos espirituais a custo financeiro, não vivo DA Umbanda, mas gostaria de enfatizar que se eu sou capaz de enxergar coisas tão simples, porque não alguém mais capacitado que eu e que está muito mais próximo ao filho para poder ajuda-lo em seus problemas? Má vontade? Incompetência?

O primeiro caso é uma cambone de 14 anos, que estava com forte irritação nos pulsos, estava com uma alergia fortíssima e já havia passado todo tipo de remédio e nada de melhorar, vale salientar que cambone é um dos cargos mais importantes na casa, lida direto com todas as energias que circulam no centro, principalmente ela, que é cambone de todos os guias da casa; Já havia algumas semanas com essa ferida e nada do dirigente perceber, isso porque o mesmo é próximo da médium em questão. Ela me contando, tive a intuição de pedir à mãe dela dar banho de rosa branca e alfazema (Não me lembro se foi só isso) e esfregar no pulso em sentido horário. Em questão de três ou quatro dias, não havia mais nada no pulso.

O segundo caso é uma filha que está com diversos problemas, principalmente afetivo, só aparecem pessoas estranhas como homens e em questão de meses, o relacionamento dela termina, recentemente ela ficou desempregada e ela consultando os guias e o sacerdote da casa, o mesmo dizia que não era tempo de saber ainda o que se passava. Ela falando comigo, percebi (ou tive uma intuição, nem sempre sabemos) que seria cobrança de Oxum. Sim, existe a cobrança da vibração e farei posts que identificam um pouco isso, e perguntei a ela se ela estava agindo com promiscuidade, se estava com muito desejo sexual, se estava contrariando os próprios princípios dela e a resposta foi SIM para todas as questões, o que me deu a certeza da cobrança da mesma, no caso, o orixá Oxum.

Mas ela não tem Oxum, e eu disse a ela: Você tem algum problema com filha? Ela me disse que tem uma filha, mas havia perdido a guarda. Questionei novamente: Tem ido vê-la? Está resolvendo isso na Justiça? E a resposta foi sim, faz tempo que ela não a vê e tá enrolado na justiça a situação.

Aí eu falei a ela que certeza que essa cobrança de Oxum seria a falta desse instinto materno da mesma e que ela necessitava impor mais energia nesse caso da filha dela e tudo mais, falei pra ela acender uma vela para Oxum pedindo ajuda em uma terça-feira (Sim, não é dia de Oxum, eu sei, porém não acredito em dia certo para acender velas para os Orixás) e na quinta-feira, apareceu um amigo dela que conhecia uma delegada e uma advogada que resolvia esses casos de família.

Então isso só deu a certeza que era isso que “Oxum” queria.

Agora me pergunto: Cadê o sacerdote para resolver essa questão que se arrastava há mais de um ano?

Uma coisa que eu abomino são esses tipos de dirigentes que ficam sentados no trono como se fossem reis e na hora de serem eficientes em ajudar os seus filhos, dizem que ainda não é o momento, e o infeliz não tem a força de vontade de acender uma vela ao orixá para sequer fazer uma pergunta para o próprio filho da casa. Esquecem que sua missão espiritual além de dirigir um centro, é centralizar a vida espiritual dos seus filhos, muitos abrem a casa por vaidade ou por status para tocar o centro de acordo com o que ele acredita ser verdadeiro e não por capacidade ou características semelhantes.

Sim, ESTAMOS CARENTES DE DIRIGENTES COMPETENTES e infelizmente dirigentes incompetentes criam médiuns ineficientes, o que gera todo um ciclo vicioso de incorporações medíocres corroborando com a má reputação da religião. A Umbanda sofre preconceitos por culpa dos seus próprios adeptos.

Se o seu dirigente é daqueles que não ajuda com as suas dúvidas, não sabe acolher, só sabe exigir e mandar, procure outro lugar que esse tipo de pessoa não é um dirigente e sim um Líder Tribal.

Já temos diversas questões para lidar na vida, o centro, a religião que teria que ser um ponto de relaxamento, de paz, de tranquilidade, se torna para muitos, mais um ponto de estresse, mais um ponto de angústia, dúvidas e tristeza, religião, como o próprio nome já diz, é RELIGAR o nosso Eu Material com o nosso Eu Espiritual e muitas vezes o que os centros e outras ordens religiosas fazem hoje é justamente o inverso.

Outro tipo de dirigente que eu abomino é aquele que faz os filhos de escravos, os mesmos têm que fazer serviços domésticos em sua casa, isso é muito mais comum na nação, muitos dirigentes fazem seus filhos de escravos porque zelam pelos seus santos. E digo-lhes, amados irmãos, com toda a certeza do mundo: Seu orixá não precisa de cuidados, principalmente de mãos alheias.

Eu mesmo já tive um dirigente que se o encontrássemos na rua, teríamos que ajoelhar e beijar sua mão, mais um retrato da vaidade e do conceito de líder tribal e não dirigente espiritual, ninguém é melhor do que eu para eu me ajoelhar (sim, pode ser ego, mas com argumentos bem fundamentados).

Esse mesmo dirigente INFLADO pela vaidade, em trabalhos de marinheiros, nenhum marinheiro poderia usar quepe porque o dele era o único capitão do mar em terra. (Só por Deus)

O papel do dirigente seria o de instruir, conhecer qual é o seu Orixá Regente para que ele possa saber onde te ajudar, onde te fazer crescer, onde potencializar suas qualidades e onde suprimir os seus defeitos, o dirigente correto, ele é amável, ele é compreensível, ele é querido. Claro que muitas vezes ele deve ser duro, ele deve ser imponente, porque sem seriedade não existe Lei e sem Lei não existe Ordem (Olha o filho de Xangô falando).

A Umbanda antes da prática mediúnica do Amor e da Caridade, é Respeito, é Ciência, é Conhecimento, é Compreensão e todos devem andar juntos para que haja equilíbrio e união.

Dirigente que corrobora com outros médiuns falando mal de outros, daqueles que desabafam de uma atitude alheia, jogando uns contra os outros, só facilita a desunião da casa, a quebra de corrente e consequentemente a firmeza espiritual do lugar, fofocas só denigrem a egrégora do lugar e consequentemente enfraquecem o dirigente e todos os filhos, centro que existe fofoca, inveja e gente falando mal pelas costas não é centro, é baile funk!

Já vi diversas casas o próprio dirigente falando mal de um filho para outro, o que é um erro comum até no nosso ambiente familiar, pais que se queixam dos irmãos e tudo mais, isso só fomenta a discórdia, só fomenta a desunião e um dirigente sério e sábio evita justamente fragmentos dentro da sua própria corrente. Fofoca existe, o ser humano é crítico por natureza, porém cabe ao dirigente saber dizimar qualquer discórdia dentro do centro, partindo dele mesmo, não cabe a ele comentar ou desabafar dos filhos, cabe a ele chegar ao centro, já que ele é o líder e resolver a questão.

O que mais me repudia, é que as fofocas e as brigas partem do próprio dirigente e desculpem-me, um dirigente que age dessa maneira dificilmente receberá guias espirituais de luz para realização de seus trabalhos.

Um dirigente nato, sabe delegar e assumir a liderança quando preciso, um líder é aquele que cava a trincheira junto com seus filhos, é aquele que se suja junto, é aquele que fica sem dormir junto, é aquele que ama o que faz e desprende do seu precioso tempo para tal, se você não tem tempo ou discorda de qualquer coisa que está escrito aqui, desculpe-me, mas em minha opinião, você nem deveria ter nenhum tipo de centro, terreiro, barracão ou qualquer denominação que dão à comunhão espiritual dos mentores de Aruanda.

O problema é que estamos tão acostumados com coisas ruins, que nivelamos sempre por baixo, eu já fui pai pequeno e muitas vezes tive maiores responsabilidades que o pai da casa, porém, tenho plena convicção que fiz o meu melhor, já deixei de fazer muitas coisas em meu auge da juventude (Entre 24 e 30 anos) para dedicar-me aos filhos necessitados. Nem sempre temos gratidão, mas como sempre me disse Marabô, se eu abracei a causa, eu tenho que abraça-la feliz, de bom grado e sem esperar a troca, porque o retorno nem sempre é material e sim, cósmico.

A jornada para o dirigente é difícil, mas se assim o escolheu, que faça da melhor forma possível, e se muitos filhos chegam a mim através do blog, é sinal que suas angústias e dúvidas não são extraídas dentro do seu próprio centro, o que só demonstra estatisticamente a carência de boas casas que temos.

Meus sinceros votos de paz e Luz.

Neófito.